Festa do Divino Pai Eterno

FESTA DO DIVINO PAI ETERNO EM TRINDADE GOIÁS

A Festa do Divino Pai Eterno em Trindade (GO) ocorre no primeiro domingo de julho (dia oficial da festa), sendo atualmente a segunda maior festa religiosa do Brasil em público presente no dia do evento, atraindo cerca 800 mil visitantes durante aquele dia e 2,4 milhões nos 10 dias de celebração. Somente o Círio de Nazaré, em Belém do Pará, atrai no dia da festa maior número de participantes.

Na festa cultua-se, principalmente, o Deus Pai, culto este decorrente do “achado” de uma medalha de barro, por volta de 1840, pelo casal Constantino Xavier Maria e Ana Rosa. Esta medalha, que ficou “perdida” por um longo tempo, traz a representação da Santíssima Trindade coroando a Virgem Maria. Sua fragilidade motivou a substituição por uma escultura entalhada em madeira pelo artista Veiga Vale, a qual é reproduzida na entrada da cidade e adorada pelos devotos.  

Em relação aos lugares de devoção ao Divino Pai Eterno, o que provavelmente começou num oratório onde se depositava o medalhão, nota-se grande concorrência nos dois templos da cidade: o “santuário velho”, inaugurado em 1912, e a basílica, honraria concedida pela Santa Sé em 2007 ao “santuário novo”, cuja pedra fundamental foi lançada em 1943.     

Na festa destacam-se as missas, as novenas, os forrós, o encontro com o outro e a maior romaria de carros-de-boi, havendo desfile no “carreiródromo” na quinta-feira anterior ao primeiro domingo de julho. É comum também a celebração de batizados e até casamentos nos dias da festa.

Outro ponto de destaque são as inúmeras barracas de comércio, sendo montadas com antecedência de 10 a 15 dias. Os comerciantes são atraídos pela multidão de pessoas que gera uma demanda substancial por alimentos e bebidas, além da atração do público em geral pelas “novidades” em confecções, bijuterias, utilidades domésticas, ferragens e uma diversidade de outras mercadorias. Não se pode deixar de mencionar também a jogatina – tiro ao alvo, bingo, argolas, etc – e os parques de diversões, visitados principalmente por crianças e jovens.       

A cidade situa-se a 18 Km de Goiânia, com saída a oeste do Terminal Padre Pelágio. Algumas casas dos habitantes são locadas nos dias da romaria. Seus moradores hospedam os que vêm de outros lugares tanto na qualidade de romeiros, como de comerciantes, pesquisadores, fotógrafos, etc., pois a rede hoteleira é restrita. Existem outras formas de permanecer na festa como, por exemplo, montando acampamentos, alugando quartos em pensões, ou se hospedando nos poucos hotéis disponíveis.

O percurso de Goiânia a Trindade pela Rodovia dos Romeiros concentra grande quantidade de pessoas que se desloca a pé entre estas duas cidades durante a festa, aproveitando para rezar nos painéis representando a Via Sacra dispostos na rodovia e para lanchar nas barraquinhas e pontos de apoio, como o da OVG.

A basílica e seu entorno são espaços sagrados bastante controlados na festa, atualmente, pela Igreja, que tem normatizado seus modos de apropriação com apoio do poder público. Com isso, afastaram-se da basílica o comércio de bebidas, os ranchões, os shows “profanos”, as barracas de jogos, a mendicância e a prostituição, fatos que ocorrem numa festa com grande aglomeração de pessoas.

Tito Oliveira Coelho

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